quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Na vocação: a eleição de Deus...


Deus «escolheu-nos em Cristo antes da criação do mundo,
para sermos santos e irrepreensíveis
na Sua presença, no Amor».
- Ef 1, 4

Todas as vocações implicam um chamamento à santidade; são fruto do infinito Amor de Deus por cada um de nós, Seus filhos. E o primeiro chamamento que Deus faz, ou seja, a primeira manifestação do Seu imenso Amor por nós, acontece no sacramento do Baptismo, onde o Pai se revela como Pai em relação a Seu Filho e a nós, porque filhos no Filho, no Amor do Espírito Santo. Nesse momento, Deus repete estas palavras: «Tu és o meu filho muito amado [a minha filha muito amada], no qual pus toda a minha complacência». - Mt 3, 17.

Cada baptizado é templo do Espírito Santo, é morada da Santíssima Trindade. Em Cristo Jesus nos tornamos, pela acção do Espírito Santo, filhos e filhas de Deus! Deus expressa a Sua eleição - desde toda a eternidade - por cada um dos nós, faz-nos co-herdeiros com Cristo, purifica-nos do pecado original, isto é, das nossas inclinações para o mal, e que consequentemente nos tornam infelizes; concede-nos a graça de as vencermos, n'ELE! e, consequentemente, de sermos felizes e realizados porque vivendo na Vontade do Pai que é só Amor e Misericórdia, Verdade e Felicidade, infinitas!...

O Baptismo é o primeiro grande chamamento à SANTIDADE!

Depois, porém, à medida que a pessoa vai amadurecendo e crescendo na Fé, Deus pode fazer o chamamento à Vida Matrimonial, e, deste modo, a pessoa pode e deve colaborar na obra da criação de Deus, dando-Lhe filhos, educando-os, abrindo-lhes horizontes de santidade e de uma vida segundo o projecto de Deus.

Que beleza o sacramento do Matrimónio!

O casal torna-se expressão concreta do Amor e da Felicidade Trinitária. A partir de Deus, Família Divina, Trindade Santa, Deus Único, a família humana descobre o sentido do "ser família", ser comunidade de Amor e entrega, de amor oblativo (que também exige renúncias), em Deus. O casal cristão, homem e mulher, percebem a complementaridade entre ambos, ambos criados à «imagem e semelhança de Deus», ambos com diferenças e com semelhanças, mas complementares e "sós" quando um sem o outro. Homem e mulher, marido e esposa, a caminharem juntos, unidos de alma e coração, formando uma só carne - rumo à Santidade!


Há, também, outro chamamento que Deus faz a certas pessoas, pedindo-lhes uma maior oferta de si mesmas a Ele e aos irmãos para a construção do Seu Reino e que é o chamamento à Vida Consagrada, nomeadamente: na adesão a uma consagração "laical" (as leigas e os leigos consagrados), na pertença aos institutos seculares, ou, até, a uma vida eremítica, sabendo apenas o Bispo da Diocese e emitindo diante dele os votos de consagração; o sacerdócio ministerial; a profissão dos três conselhos evangélicos num instituto de "vida activa" - Vida Religiosa; a profissão dos três conselhos evangélicos abraçando a vida monástica, "vida contemplativa" - Vida Religiosa.

Que beleza a Vida Consagrada!

Os Consagrados têm de viver com um maior radicalismo os três conselhos evangélivos de Castidade, Pobreza e Obediência seguindo fielmente Jesus virgem e casto, pobre e obediente. Ninguém os obrigou, a sua resposta foi livre. Porém, a observância de tais conselhos e das demais virtudes, por consequência, é obrigatória, quer como gratidão e prova para Deus, e acima de tudo para Ele, como para os homens, benfeitores, amigos, todos..., pois o mundo espera muito deles, e, claro, acima de tudo Deus que os escolheu para darem frutos espirituais, sementes de vida eterna no coração de cada ser-humano. Lá por não terem casado, isso não significa que o seu coração fique fechado aos irmãos, pelo contrário, o coração de um consagrado é um coração dilatado para amar a Deus e como Ele, por Ele e n'Ele - segundo o Seu Coração - amar os irmãos.

Um Consagrado não pode ser uma pessoa egoísta que abre as mãos para receber mas as fecha para dar. Tem de viver com mais radicalismo o despojamento interior, mais que os leigos ou os casados. Despojamento é sinónimo de "pobreza", pobreza interior, vazio, silêncio interior, calar o que em nós é ruído, calar as rebeldias da vontade ou das outras potências, esvaziar-se de si mesmo para se encher única e exclusivamente do Deus-Amor, entrando neste circuito de Amor infinito que se vive no seio da Trindade, no desejo de se consumir na Unidade, numa perfeita comunhão e união com o Criador.

Todas as vocações exigem fidelidade, entrega radical do seu ser a Deus e ao próximo, em planos diferentes, conforme o estado de vida. Um casal pode, aparentemente ser feliz, mas, na realidade o marido trai a esposa, é-lhe infiel, ou vice-versa. Falta diálogo, ternura, respeito... Assim, não há santidade, não estão a seguir fielmente o projecto que Deus confiou à vida matrimonial. Da mesma forma, um sacerdote ou uma religiosa, ou um leigo ou uma leiga consagrada que não vive a sua castidade sériamente (e castidade implica muita coisa), que é egoísta (cheio de falsas seguranças e com medo de as perder), antipático, sem Caridade para com o próximo, com ideias que vão contra a verdadeira Fé Católica... Que dizer?...

Que a Santíssima Virgem Maria nos abençoe a todos
e nos ajude a seguir fielmente o Seu Divino Filho,
segundo o projecto preparado para cada um de nós,
desde toda a eternidade por Deus Pai. Amen.

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