sábado, 28 de agosto de 2010

Sto. Agostinho: santificado pela graça de Deus



Dos escritos autobiográficos - «Confissões» - de Sto. Agostinho:

«Tarde Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei! Eis que habitáveis dentro de mim e eu lá fora a procurar-Vos! Disforme, lançava-me sobre as formosuras que criastes. Estáveis comigo, e eu não estava convosco! Retinha-me longe de Vós aquilo que não existiria se não existisse em Vós. Porém, chamastes-me com uma voz tão forte que rompestes as minha surdez! Brilhastes, cintilastes e logo afugentastes a minha cegueira! Exalastes perfume: respirei-o, suspirando por Vós. Saboreei-Vos e agora tenho fome e sede de Vós. Tocastes-me e ardi no desejo da vossa paz.

Quando estiver unido a Vós com todo o meu ser, em parte nenhuma sentirei dor e trabalho. A minha vida será então verdadeiramente viva, porque estará toda cheia de Vós. Libertais do seu peso aqueles que encheis. Porque não estou cheio de Vós, sou ainda um peso para mim.

As minhas alegrias, que deviam ser choradas, lutam com as tristezas, que me deviam incutir júbilo. Ignoro de que lado está a vitória. Ai de mim! Ó Senhor, tende piedade de mim! As tristezas do meu mal pelejam com os contentamentos bons, e não sei de que parte está o triunfo.

Ai de mim! Ó Senhor, tende compaixão de mim! Olhai, eu não escondo as minhas feridas. Vós sois o médico e eu o enfermo; sois misericordioso e eu miserável Não é a vida do homem, sobre a terra, uma contínua tentação? Quem deseja trabalhos e preocupações? Ordenais aos homens que as suportem e não que as amem. Ninguém ama o que lhe custa, ainda quando goste de o suportar, porque, apesar de se alegrar com o sofrimento, prefere não ter nada que sofrer. Nos reveses, anseio pela prosperidade, e nas coisas prósperas, temo a adversidade.

Entre estes dois extremos, qual será o termo médio onde a vida humana não seja tentação? Ai das prosperidades do mundo, repito, ai das prosperidades do mundo por causa do receio da desgraça e da corrupção da alegria! Ai das adversidades do mundo, uma duas e três vezes, por causa do desejo da prosperidade, por ser a desgraça dura e ameaçar destruir a paciência! Não é a vida humana sobre a terra uma tentação contínua?

Só na grandeza da Vossa misericórdia coloco toda a minha esperança. Dai-me o que ordenais e ordenai-me o que quiserdes».


«Criaste-nos para Vós, Senhor,
e o nosso coração não descansa
enquanto não repousar em Vós»


segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Oásis no deserto...


Quando tivermos adquirido certo hábito da temperança e da renúncia aos pecados visíveis, produzidos pelos cinco sentidos, estaremos então aptos a guardar o coração com Jesus; aptos a receber Sua iluminação, saborear no espírito, com fervorosa ternura, as delícias de Sua bondade. A lei que nos ordena a purificar o coração não tem outra finalidade além de afastar as imagens dos maus pensamentos da atmosfera de nosso coração; dissipá-las através da atenção constante, de modo a podermos ver com nitidez, como em dia sereno, o Sol de verdade, Jesus, e a se iluminarem em nosso espírito os aspectos (as razões) de Sua Majestade. - Filoteu,o Sinaía in «Pequena Filocalia»