quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A invocação do Santíssimo Nome de Jesus

Dos escritos de Calisto e Inácio Xanthopouloi (séc. XIV) in Filocalia:

O princípio de toda a actividade agradável a Deus é a invocação, cheia de fé, do Nome salvador de Nosso Senhor Jesus Cristo. É ele quem nos diz: "Sem mim, nada podeis fazer" (Jo 15, 5). Depois, a paz, pois se deve "orar, diz ele, sem ira e sem animosidade" (1 Tm 2, 8); e a caridade, porque "Deus é amor" e aquele "que permanece no amor permanece em Deus e Deus permanece nele" (1Jo 4, 16). A paz e a caridade não somente tornam a oração agradável a Deus, mas, por sua vez, nascem da oração, como raios divinos iguais e, através dela, crescem e se consomem...

Nossos gloriosos mestres e doutores, com muita sabedoria, movidos pelo Espírito Santo que habita neles, ensinam a todos nós- principalmente aos que querem aceitar o desafio da deificante hesíquia - que tenhamos por ocupação e exercício contínuos o santíssimo e dulcíssimo Nome; que o levemos, sem cessar, no nosso espírito, no nosso coração e nos nossos lábios...

(...)

... Todos os métodos, regras e exercícios não têm outra origem e razão, além da incapacidade de orar no nosso coração, com pureza e sem distracção. Quando, através da benevolência e da graça de N. S. Jesus Cristo conseguimos isso, abandonamos a pluralidade, a diversidade e a divisão e nos unimos imediatamente, acima de quaisquer palavras, ao Uno, ao Simples, Àquele que unifica. É o "Deus unido aos deuses e conhecido por eles" do Teólogo, mas é um privilégio raríssimo.

Há cinco obras que honram a Deus, pelas quais devem passar, dia e noite, quem é noviço em hesíquia: a oração, isto é, a lembrança do Senhor Jesus Cristo introduzida ininterruptamente no coração, pelo nariz, lentamente; expirada em seguida, com os lábios cerrados, sem nenhum outro pensamento nem imaginação.

(...)

As palavras "Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus" dirigem o espírito, de modo imaterial, para aquele cujo nome enunciam. Pelas palavras "tende piedade de mim",  o espírito volta-se sobre si próprio, como se não pudesse suportar a ideia de não orar para si mesmo. Quando tiver progredido no amor, através da experiência, ele vai-se dirigir unicamente para o Senhor Jesus Cristo, pois terá a certeza evidente do que vem depois (do perdão dos seus pecados).


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Discernindo os pensamentos...

Dos Exercícios Espirituais de
Sto. Inácio de Loyola:

32 - Exame Geral de Consciência
para se purificar e para melhor se confessar

Elementos de discernimento

Pressupondo haver em mim três pensamentos, a saber: um que é propriamente meu, que sai da minha liberdade e querer; e outros dois que vêm de fora: um que vem do bom espírito e o outro do mau.

33 - Pensamentos. Há duas maneiras de merecer no mau pensamento que vem de fora.
     Primeira, vem, por exemplo, um mau pensamento de cometer um pecado mortal. Resisto-lhe prontamente, e fica vencido.

34 - A Segunda maneira de merecer é quando me vem aquele mesmo mau pensamento e eu lhe resisto, e torna-me a vir, uma e outra vez, e eu resisto sempre, até que o pensamento se vai vencido. Esta segunda maneira é de mais merecimento que a primeira.

35 - Peca-se venialmente quando vem o mesmo pensamento de pecar mortalmente, e a pessoa lhe dá atenção, demorando-se um pouco nele, ou recebendo alguma deleitação sensual, ou havendo alguma negligência em rejeitar o tal pensamento.

36 - Há duas maneiras de pecar mortalmente:
     A primeira é quando se dá consentimento ao mau pensamento, para o pôr logo em prática conforme consentiu, ou para o executar se pudesse.

37 - A segunda maneira de pecar mortalmente é quando se põe em acto aquele pecado; e é maior por três razões: a primeira, pelo maior espaço de tempo; a segunda, pela maior intensidade; a terceira, pelo maior dano das duas pessoas.



quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Tú me mueves, Señor...


(Para escutar: pôr em pausa, em
baixo, a música de fundo do blog)


No me mueve, mi Dios, para quererte
el cielo que me tienes prometido,
ni me mueve el infierno tan temido
para dejar por eso de ofenderte.

Tú me mueves, Señor, muéveme el verte
clavado en una cruz y escarnecido,
muéveme ver tu cuerpo tan herido,
muévenme tus afrentas y tu muerte.

Muéveme, en fin, tu amor, y en tal manera,
que aunque no hubiera cielo, yo te amara,
y aunque no hubiera infierno, te temiera.

No me tienes que dar porque te quiera,
pues aunque lo que espero no esperara,
lo mismo que te quiero te quisiera.


- Autor desconhecido. Julga-se que poderá ser atribuído a várias personalidades, tais como: S. João da Cruz; S. Teresa; Padre Torres, capuchinho; Padre Antonio Panes, franciscano.