sábado, 20 de novembro de 2010

Guardar a Palavra...

Do «Último Retiro», da B. Isabel da Trindade

11º dia

O Senhor fez-me entrar num lugar espaçoso, usou de boa vontade para comigo... (Sl 17, 20). O Criador, ao ver o belo silêncio que reina na Sua criatura, contemplando-a inteiramente recolhida na solidão interior, enamora-se da sua beleza e fá-la passar a essa solidão imensa, infinita, neste lugar espaçoso cantado pelo profeta e que não é outro senão Ele mesmo: Entrarei nas profundezas do poder de Deus (Sl 70, 16). Ao falar pelo seu profeta, o Senhor disse: Conduzi-la-ei à solidão e fala-lhe-ei ao coração (Os 2, 14). Eis entrada esta alma nessa vasta solidão, em que Deus se vai fazer ouvir! A sua palavra, diz S. Paulo, é viva e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes: chega até à separação da alma e do espírito, mesmo até às articulações e à medula (Hebr 4, 12). É, pois, ela que directamente vai acabar o trabalho do despojamento na alma; porque tem de seu e de particular, operar e criar o que faz ouvir, desde que, entretanto, a alma consinta em se deixar modelar.

Não basta, contudo, ouvir esta palavra, é preciso guardá-la! E é guardando-a que a alma será «santificada na verdade», eis o desejo do Mestre: Santificai-os na verdade, a Vossa palavra é verdade (Jo 17, 17). A quem guardar a Sua palavra, não prometeu: Meu Pai amá-lo-á e nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada? (Jo 14, 23). É a Trindade inteira que habita na alma que em verdade A ama, quer dizer, que guarda a Sua palavra!... E logo que esta alma tenha compreendido esta riqueza, todas as alegrias, naturais e sobrenaturais, que lhe possam vir da parte das criarutas ou mesmo da parte de Deus, apenas mais a convidam a retornar a si mesma para gozar o Bem substancial que possui, e que não é outro senão o próprio Deus. E, assim, como diz S. João da Cruz, ela tem uma certa semelhança com o Ser divino.


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

«Não dialogues com a tentação»

Dos escritos de S. Josemaria Escrivá:

Chapinhas nas tentações, pões-te em perigo, brincas com a vista e com a imaginação, falas de... disparates. E depois assustas-te por te assaltarem dúvidas, escrúpulos, confusões, tristeza e desalento. Hás-de conceder-me que és pouco coerente. (Sulco, 132)

Havemos de fomentar nas nossas almas um verdadeiro horror ao pecado. "Senhor (repete-o de coração contrito), que nunca mais Te ofenda!". Mas não te assustes ao notar o lastro do teu pobre corpo e das paixões humanas: seria tolo e ingenuamente pueril que descobrisses agora que "isso" existe. A tua miséria não é obstáculo; é acicate para te unires mais a Deus, para O procurares com constância, porque Ele nos purifica. (Sulco, 134)

Não dialogues com a tentação. Deixa-me que to repita: tem a coragem de fugir; e a fortaleza de não experimentar a tua debilidade, vendo até onde podias chegar. Corta, sem concessões! (Sulco, 137)

Não tens desculpa nenhuma. A culpa é só tua. Se sabes (conheces-te o suficiente) que por esse caminho – com essas leituras, com essa companhia... – podes acabar no precipício, porque te obstinas em pensar que talvez seja um atalho que facilita a tua formação ou que amadurece a tua personalidade? Muda radicalmente de plano, ainda que te exija mais esforço, menos diversões ao alcance da mão. Já são horas de te portares como uma pessoa responsável. (Sulco, 138)

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Sancte Michael Archangele...

Sancte Michael Archangele, defende nos in prælio; contra nequitiam et insidias diaboli esto præsidium. Imperet illi Deus, supplices deprecamur: tuque, Princeps militiæ cælestis, Satanam aliosque spiritus malignos, qui ad perditionem animarum pervagantur in mundo, divina virtute in infernum detrude. Amen.


segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Omnes Sancti et Sanctae Dei, intercedite pro nobis!

Ser santo é amar... é amar como Deus, é amar com o nosso coração unido ao de Jesus Cristo, ou melhor ainda, com o Seu!, o Seu em nós! Este amor, para chegar a ser verdadeiro, autêntico, tem de passar por várias provas, a uns de uma maneira a outros de outra... Porque «O Senhor flagela os que d' Ele se aproximam», purifica, santifica aquele que reconhece como filho, não para seu mal, é claro, mas para que este se desenvolva e cresça em maturidade, em santidade, para que atinja a gloriosa liberdade dos filhos de Deus e seja perfeito na Caridade. Só o Amor Misericordioso de Deus pode operar na alma, só o Seu Espírito pode acender na alma a chama do puro Amor e transformar os corações... Só Ele pode infundir Fortaleza para perseverar na fidelidade à Sua eterna aliança nos momentos de "noite" - de dúvidas, de temor, de apatia, de tribulação e tentação. Pode-se tropeçar..., cair..., mas o Amor misericordioso de Deus levanta-nos das regiões da morte, pega em nós ao colo, faz-nos repousar no Seu Coração e gozar da suavidade da Sua Paz... E, como dizem os místicos, fere... fere de amor e logo..., logo se esconde... E para quê? Para que o desejo aumente com a espera, se fortaleça e se torne autêntico... É o sofrimento de quem julga amar pouco, quando já tanto ama; é o saber-se tão miserável e indigno de tantos dons e graças; são ânsias infinitas de amar Jesus, de Lhe dar almas, de desejar a própria morte para estar com o seu Senhor, onde finalmente o poderá amar plenamente e O verá tal como Ele é. Talvez seja assim o martírio de Amor... Não importa saber... O que importa é amar... «No Coração da minha Mãe a Igreja eu serei o Amor» (S. Teresinha).