sexta-feira, 15 de julho de 2011

Tratado sobre o «pequeníssimo» caminho de amor_II


Consolata Betrone, ora pro nobis!

3. O que é o amor perfeito?

1. O amor perfeito é aquele pelo qual se ama a Deus por Si mesmo e goza d'Ele. Este grau de perfeição no amor é precedido por outros dois que são: o amor inicial e o amor progressivo. O amor inicial, procurando sobretudo evitar o pecado e resistir às suas atracções, sente mais os motivos do santo temor de Deus; o amor progressivo exerce-se sobretudo nas virtudes e, no seu empenhamento, é apoiado pela esperança do prémio.

2. No desenvolvimento normal do amor, todos estes motivos se ligam harmoniosamente e a alma, acolhendo os benefícios divinos, abre-se finalmente ao amor perfeito com que o Doador é amado por si mesmo.

3. Este amor puro e perfeito é activo na virtude e vigilante pela glória de Deus.


4. É possível fazer actos de amor perfeito?

1. Não só é possível, porque representam o desenvolvimento normal do amor e da amizade com Deus, mas, quando a alma atingiu este grau, é-lhe fácil, sendo como que uma maior respiração do coração.

2. O acto de amor perfeito, mesmo nos graus inicial e progressivo, facilita o afastamento do pecado e o exercício das virtudes, porque evoca continuamente a causa suprema do amor que é a infinita Bondade de Deus.

3. Quando digo «Jesus, amo-Te» e nas dificuldades que encontro ou nas canseiras que experimento, entendo exprimir-Lhe a minha dedicação porque Ele é digno de ser amado, honrado e fielmente servido, realizo um acto de amor perfeito. A oração do Acto de Caridade ("Meu Deus, amo-Vos de todo o meu coração, porque sois infinitamente bom e, por amor de Vós, amo o próximo como a mim mesmo") exprime um acto de amor perfeito.


5. Podemos fazer um acto perfeito de amor, apenas com as nossas forças?

Como para todos os actos sobrenaturais, também para fazer um acto de amor perfeito é necessária a ajuda da graça, que Deus nunca recusa a quem quer amá-l'O, tendo Ele feito do amor um mandamento para todos (cf. Jo 15, 12).


6. O «sensível» entra na perfeição do acto de amor?

O «sensível» não é necessário à perfeição do amor. Posso amar a Deus com um amor perfeito e intensíssimo mesmo com a aridez no coração e, até, sentindo desgosto e repugnância. Para amar a Deus com um amor perfeito basta querer amá-l'O assim. Nestes casos, o acto de amor pode ser mais puro, mais generoso e, portanto, mais agradável a Deus e, por isso, mais meritório.


7. De quantas maneiras podemos fazer actos de amor perfeito?

1. Fazendo todas as coisas - mesmo as mais humildes e as que, em si próprias, são indiferentes como comer, beber e dormir - para mostrar a Deus o nosso amor (cf. 1Cor 10, 31).

2. Suportando por amor de Deus os pequenos ou grandes sofrimentos de cada dia e oferecendo-Lhe com amor os pequenos sacrifícios do dever quotidiano.

3. Repetindo durante o dia os actos de perfeito amor, tanto os internos como os externos (por exemplo, jaculatórias), desde que sejam sempre vivificados pelo amor interior.


- Pe. Lorenzo Sales in O Coração de Jesus ao Mundo

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