segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Envergonharmo-nos de ser de Jesus?!

Infelizmente, muitos daqueles que se dizem católicos (a começar por mim), com a azáfama do mundo, o desejo de agradar ou a ânsia de poder num espírito de amor-próprio camuflado, o medo de ser etiquetado de "católico" ou de "beato", acabam por viver uma vida dupla, ou então, um cristianismo morno..., apático, prestes a rebentar ou para o lado de Deus ou para o lado do mundo. Este espírito morno expressa-se na insatisfação vivida por muitas pessoas quando procuram subterfúgios para compensar essa insatisfação, cansando os sentidos com o que não edifica mas só sobrecarrega, em vez de ir logo à fonte de todos os bens.                                                         

Mas haverá dicotomia entre Deus e o mundo? Vivemos neste mundo, obra das mãos de Deus, para sermos felizes, para O adorar, amar, servir e, por fim, para vivermos junto d' Ele por toda a eternidade. Daí que devemos aperfeiçoar-nos, frutificar os talentos que Nosso Senhor na Sua imensa bondade nos concedeu, a começar pelas virtudes teologais (fé, esperança, caridade) e cardeais (prudência, justiça, fortaleza, temperança), os dons do Espírito Santo, até aos talentos mais humanos, com vista à construção do Reino de Deus e de uma sociedade cada vez mais capaz de satisfazer as necessidades mais básicas à condição e dignidade humanas. É aqui, neste mundo, cada qual com a sua história, que Deus quer imperar e fazer feliz, muito feliz.

Uma vez enraízados em Cristo Jesus, qual rocha firme e segura, na busca de unirmos a nossa vontade à Sua, na oração, na prática regular dos sacramentos, na dedicação abnegada aos outros - de modo particular aos irmãos na fé - nada haverá que temer pois, se não nos afastarmos por obstinação, o Espírito Santo nos iluminará e nos fará dóceis às Suas moções para sabermos discernir o que é bom, perfeito e agradável a Ele (Rom 12, 2). Tudo nos é permitido, mas nem tudo nos convém. Um cristão não pode ser um tristonho ou um legislador que vê mal em tudo e tudo condena; pode e deve usar com sabedoria das coisas do mundo que Deus nosso Senhor criou para o homem, para a sua felicidade e jamais para a sua infelicidade ou para a infelicidade dos outros: no uso egoístico dos bens fora do plano de Deus, na ambição, na revolta perante as circunstâncias adversas - fruto do pecado, da imaturidade - do Homem.

Triste é, quando, no relacionamento com os outros, nomeadamente numa particular amizade, as pessoas perdem o norte, esquecem a bússola evangélica, e de companheiros de caminhada (para se ajudarem a crescer como pessoas e em santidade) rumo ao Céu passam a inimigos de batalha: o ressentimento, a vingança, o desejo de domínio, o ciúme, a ausência de diálogo ou um diálogo pouco substancial, a falta de confiança, as provocações mútuas, tudo isto pode conduzir a pessoa por caminhos erróneos e a ações contrárias até à sua essência e aos seus propósitos mais íntimos...

Quando isto acontece, o cristão está a envergonhar-se de ser e de seguir Jesus Cristo e coloca em si a máscara de satanás.  Se não queremos que Ele um dia se envergonhe de nós, não nos envergonhemos nós d' Ele; Ele que é o Rei dos reis e o Senhor dos senhores. Soli Deo honor et gloria!


Que Maria Santíssima nos ajude a sermos - verdadeiramente - de Jesus e a testemunhá-Lo - sempre - em todos os nossos pensamentos, palavras e ações. Amen. 


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