quarta-feira, 7 de março de 2012

Deturpações...

"Nunca nos devemos arrepender do que fizemos, mas sim do que não fizemos". Foi uma frase dita por alguém a outro alguém que comigo estava, em contexto informal, num tom que demonstrava imensa sabedoria oculta, mas não uma sabedoria divina. Não foi por mal, e a pessoa que o disse não teve noção... Não que a segunda oração desta frase esteja incorrecta, uma vez que também pecamos por omissão, mas a primeira propaga um erro gravíssimo que fomenta o orgulho e a rejeição de Deus na vida do ser-humano. Claro que o ideal seria ninguém ter motivos de arrependimento, mas do mal que se fez, é óbvio que tem de haver arrependimento para se alcançar a salvação integral.

Que neste sagrado tempo da Quaresma, particularmente, não menosprezemos os erros, conscientes ou não, do passado, mas antes, com profundo arrependimento (suplicado a Deus nosso Senhor) e propósito firmíssimo de emenda, nos reconciliemos com Deus mediante o sacramento da reconciliação, confiando absolutamente na Misericórdia divina que, ao contrário das pessoas, sempre nos perdoa e ESQUECE, apaga do Seu Coração dilacerado as nossas ofensas ao Seu Amor santíssimo e, ainda, sara o nosso, por vezes tão pobrezinho.

Continuação de uma santa Quaresma!

2 comentários:

Unknown disse...

Confesso que isso também me intriga um pouco. Eu arrependo-me é das coisas que eu faço, embora também me possa arrepender do que não faço. Acontece que o que fazemos pode deixar marcas; já se nada fizermos, não ficamos marcados.

Mariam disse...

Depende... Eu também me arrependo principalmente do que fiz ou faço. Quanto a "marcas", creio que Deus nosso Senhor tudo cura. Se formos para casos mais extremos, poderemos acrescentar o acompanhamento clínico.

No entanto, já me aconteceu arrepender-me do que não fiz, do bem que omiti. Se reparares (mesmo a propósito)o Evangelho de hoje fala-nos do pobre Lázaro e de um homem rico que por não ter saciado Lázaro não mereceu a felicidade eterna...

E há várias situações que se incluem no arrependimento pelo que não se fez: imagina um pai/mãe que morre. E o filho/filha, embebido em trabalho, não ligava ao seu progenitor, não gastava tempo junto dele, não era terno nem reconhecido. Certamente (e quantos casos não ouvi já) que após a morte terá muitos remorsos. Ou aquele caso, contado por um jesuíta, já muito conhecido, de duas pessoas que eram muito amigas - penso que apenas amigas - mas que nunca haviam expressado o seu afecto, nunca haviam pronunciado um «amo-te». E de repente um deles morreu e... que arrependimento!

Devemos fazer sempre o bem àqueles que fazem parte da nossa vida, que Deus colocou no nosso caminho. São muitos. Não guardemos as boas obras para o momento em que virmos o outro no caixão... :D

Santa Quaresma!