quarta-feira, 2 de março de 2011

O conhecimento de Jesus Cristo...

Seguindo a linha de pensamento de S. Tomás de Aquino, o conhecimento humano de Jesus Cristo é pleno, afirmando que em Jesus há uma ciência tripla: a ciência beatífica, a ciência infusa e a adquirida, a qual devia ser perfeita e abarcar tudo. S. João diz que o Divino Mestre conhecia o interior, lia os corações (c.f. Jo 6, 61) e, na Carta aos Colossenses, cap. 2, 2, diz-se que em Cristo «estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência», tesouros de conhecimento em que o sujeito é o Verbo encarnado…

«O Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus» (Jo 1, 1)… «O Verbo era a luz verdadeira que, vindo ao mundo, a todo o homem ilumina (Jo 1, 9). O Verbo é, segundo Tertuliano, a Palavra, o Pensamento, a Força, com que Deus tudo fez, possuindo a essência mesma de Deus enquanto é espírito. «Do Espírito Divino nasce um Espírito, Deus nasce de Deus, como de uma luz se acende uma outra»; e, mais adiante, acrescenta que este raio de Luz, de Deus, «desceu numa virgem, incarnou no seu seio: nasceu, homem unido a um Deus».

O Verbo conhecia o Pai, escutara o Pai e transmitia tudo quanto ouvira do Pai, deduzindo-se, pois, que Jesus através do Verbo tinha plena consciência, uma consciência inata de ser filho de Deus, da missão incumbida pelo Pai, uma consciência pura, recta, sublime, imersa na profundidade de Deus, absorta no seio do Pai pelo vínculo do Amor eterno, do Espírito Santo. A vivência trinitária não foi interrompida pela encarnação do Verbo, manteve-se. O Verbo continuou o Seu amor Kenótico em Jesus de Nazaré, amor que se estendeu a todos os homens na oferta de Si mesmo a eles, em obediência ao Pai.

Jesus é a Palavra do Pai por quem tudo foi criado, é a Sabedoria de Deus. A sua condição humana, que esconde a glória que lhe é intrínseca, e que parece absorver o seu pleno conhecimento humano e divino, não impede que em Cristo, como Verbo de Deus, se perca ou diminua a Sua condição divina, tão n’Ele enraizada, tão n’Ele escondida, tão n’Ele apagada para os homens de todos os tempos...

... Contudo, o conhecimento divino que o Verbo possui da sua identidade divina está de certa forma sujeito na encarnação à lei da Kenósis. Por isso, como afirma a cristologia actual, o seu conhecimento se reveste de certa forma de carácter intuitivo e global; é sumamente rico, mas, também, susceptível de desenvolvimento. A sua humildade (quando pergunta a quantidade de pães que há para depois fazer o milagre da multiplicação) e, mais ainda, a sua psicologia divina, levam-no muitas vezes a fazer perguntas, não por que não soubesse a resposta, mas para que os outros respondendo se consciencializassem da sua fé n’Ele.

A porta da Sabedoria é Cristo, O qual é: «Caminho, Verdade e Vida» (Jo 14, 6), Luz que a todo o homem ilumina, Verdade que o torna livre e, por isso, capaz de conhecer – até onde a Sabedoria Divina o permite – a Eterna e Imutável Verdade: DEUS.

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