quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Senhor, afasta-Te de mim, que sou um homem pecador

O Evangelho de hoje transporta-nos para o lago de Genesaré, onde Jesus, no barco de Simão Pedro, se pôs a «ensinar a multidão». Depois, surge aquele interessante episódio, do reconhecimento humilde da condição de Pedro, quando Jesus, apesar do desgaste que eles tinham tido durante toda a noite, e sem fruto algum, o interpela ordenando: «Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca». E uma grande manifestação do poder de Jesus, o enviado do Pai, acontece: a rede enche-se de peixes...
Jesus não age desta forma por acaso, não fica no "humano", mas, a partir do que é "humano" e "material", Ele abre caminho, purifica o olhar interior para o ser humano - finito e limitado - ser mais capaz de descobrir e contemplar o mistério de Deus - infinito, eterno, imensurável...
«Ao ver o sucedido, Simão Pedro lançou-se aos pés de Jesus e disse-Lhe: «Senhor, afasta-Te de mim que sou um homem pecador». - Lc 5, 8

É o grito de alguém que, tocado pela graça santificante de Deus se descobre pequeno, frágil, cheio de misérias, porque, repito, tocado pela graça, pois, sem a Graça Divina o homem permanece cego e obstinado no pecado, não sabe o que é o pecado (ou não quer saber, por vezes) e nem se sente pecador... Mas, quando a Graça - o Espírito do Senhor que é Amor e Misericórdia, esse mesmo Amor que existe desde toda a Eternidade entre o Pai e o Filho, esse Amor que levou Jesus a dar a vida pela salvação de todos, esse Amor oblativo, sacrifical - abraça os recônditos mais profundos do ser-humano, então somos "olhados" amorosamente pelo Senhor Jesus, com esse mesmo olhar que Ele, escarnecido e humilhado pelos que o recusavam aceitar como Deus e Senhor..., o Divino Mestre olhou para Pedro..., olhou-o profundamente... amorosamente... misericordiosamente... e Pedro chorou amargamente.

«Senhor, afasta-Te de mim, que sou um homem pecador»

Que o Senhor nos conceda a graça de uma verdadeira e constante conversão, de uma vida coerente com a Fé que professamos. Não há desculpas... Na altura, Pedro e os outros apóstolos e discípulos não tinham, ainda, sido revestidos com a força do Alto, o Espírito Santo - Consolador - mas, após o Baptismo de Jesus, no Sangue e na Água, todos nós fomos «sepultados com Cristo na morte», para vivermos para Ele, por Ele, com Ele e n'Ele. «Assim vivereis de maneira digna do Senhor, agradando-Lhe em tudo, realizando toda a espécie de boas obras e progredindo no conhecimento de Deus» (Col 1, 10). E será este conhecimento que nos levará a progredir no Amor, Amor para com Deus e Amor para com o próximo, em pureza, verdade, oblatividade.

Não há que ter medo pois, é S. Paulo quem nos diz: «Sereis fortalecidos com o seu poder glorioso, para que se confirme a vossa constância e longanimidade a toda a prova e, cheios de alegria, deis graças a Deus Pai, que nos fez dignos de tomar parte na herança dos santos, na luz divina. Ele nos libertou do poder das trevas e nos transferiu para o reino do seu Filho muito amado, no qual temos a redenção, o perdão dos pecados» (Col 1, 11-14).

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