segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A Santa Missa explicada por S. Pio de Pietrelcina

«Padre Pio era o modelo de cada padre... Não se podia assistir "à sua Missa", sem que nos tornássemos, quase sem perceber, "participantes" desse drama que se vivia a cada manhã sobre o altar. Crucificado com o Crucificado, o Padre revivia a paixão de Jesus com grande dor, da qual fui testemunha privilegiada, pois o ajudava na Missa. Ele nos ensinava que nossa Salvação só se poderia obter se, em primeiro lugar, a cruz fosse plantada na nossa vida. Dizia: "Creio que a Santíssima Eucaristia é o grande meio para aspirar à Santa Perfeição, mas é preciso recebê-La com o desejo e a vontade de arrancar, do próprio coração, tudo o que desagrada Àquele que queremos ter em nós" (27 de julho 1917).
Pouco depois da minha ordenação sacerdotal, explicou-me ele que, durante a celebração da Eucaristia, era preciso colocar em paralelo a cronologia da Missa e a da Paixão. Trata-se, antes de tudo, de compreender e de realizar que o Padre no altar é Jesus Cristo. Desde então, Jesus, em seu Padre, revive indefinidamente a mesma Paixão.
Do sinal da cruz inicial até o Ofertório, é preciso ir encontrar Jesus no Getsemani, é preciso seguir Jesus na Sua agonia, sofrendo diante deste "mar de lama" do pecado. É preciso unir-se a Jesus em sua dor de ver que a Palavra do Pai, que Ele nos veio trazer, não é recebida pelos homens, nem bem, nem mal. E, a partir desta visão, é preciso escutar as leituras da Missa como sendo dirigidas a nós, pessoalmente .
O Ofertório: É a prisão, chegou a hora...
O Prefácio: É o canto de louvor e de agradecimento que Jesus dirige ao Pai, e que Lhe permitiu, enfim, chegar a esta "Hora".
Desde o início da oração Eucarística até a Consagração: Nós nos unimos (rapidamente!...) a Jesus em Seu aprisionamento, em Sua atroz flagelação, na Sua coroação de espinhos e Seu caminhar com a cruz nas costas, pelas ruas de Jerusalém e, no "Memento", olhando todos os presentes e aqueles pelos quais rezamos especialmente.
A Consagração dá-nos o Corpo entregue agora, o Sangue derramado agora. Misticamente, é a própria crucifixão do Senhor. E é por isso que Padre Pio sofria atrozmente neste momento da Missa.
Nós nos unimos em seguida a Jesus na cruz, oferecendo ao Pai, desde esse instante, o Sacrifício Redentor. Este é o sentido da oração litúrgica que segue imediatamente a consagração. "Por Cristo com Cristo e em Cristo" corresponde ao grito de Jesus: "Pai, nas Tuas Mãos entrego o Meu Espírito!" Desde então, o sacrifício é consumado pelo Cristo e aceito pelo Pai. Daqui por diante, os homens não mais estão separados de Deus e se encontram de novo unidos. É a razão pela qual, nesse instante, recita-se a oração de todos os filhos: "Pai Nosso...".
A fracção da hóstia indica a Morte de Jesus...
A Intinção, instante em que o Padre, tendo partido a hóstia (símbolo da morte...), deixa cair uma parcela do Corpo de Cristo no cálice do Precioso Sangue, marca o momento da Ressurreição, pois o Corpo e o Sangue estão de novo reunidos e é ao Cristo Vivo que vamos comungar.
A Benção do Padre marca os fiéis com a cruz, ao mesmo tempo como um extraordinário distintivo e como um escudo protetor contra os assaltos do Maligno...
Depois de ter escutado uma tal explicação dos lábios do próprio Padre e sabendo bem que ele vivia dolorosamente tudo aquilo, compreende-se que me tenha pedido segui-lo neste caminho... o que eu fazia cada dia... E com que alegria!» - Pe Jean Derobert.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Transverberação do Coração de S. Teresa

«Via um anjo ao pé de mim, para o lado esquerdo, em forma corporal, o que não costumo ver senão por maravilha. Ainda que muitas vezes se me representam anjos, é sem os ver, senão como na visão passada, que disse antes. Nesta visão quis o Senhor que o visse assim: não era grande mas pequeno, formoso em extremo, o rosto tão incendido, que parecia dos anjos mais sublimes que parecem todos se abrasam. Devem ser os que chamam Querubins, que os nomes não mos dizem, mas bem vejo que no Céu há tanta diferença duns anjos a outros e destes outros a outros, que não o saberia dizer. Via-lhe nas mãos um dardo de oiro comprido e, no fim da ponta de ferro, me parecia que tinha um pouco de fogo. Parecia-me meter-me este pelo coração algumas vezes e que me chegava às entranhas. Ao tirá-lo, dir-se-ia que as levava consigo, e me deixava toda abrasada em grande amor de Deus. Era tão intensa a dor, que me fazia dar aqueles queixumes e tão excessiva a suavidade que me causava esta grandíssima dor, que não se pode desejar que se tire, nem a alma se contenta com menos de que com Deus. Não é dor corporal mas espiritual, embora o corpo não deixa de ter a sua parte, e até muita. É um requebro tão suave que têm entre si a alma e Deus, que suplico à Sua bondade o dê a gostar a quem pensar que minto.»
Sta. Teresa de Jesus in «Livro da Vida», cap. 29, 13

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Ó meu Deus, Trindade que eu adoro...

«Ó meu Deus, Trindade que adoro, ajudai-me a esquecer-me inteiramente de mim mesma para me fixar em Vós, imóvel e pacífica, como se minha alma já estivesse na eternidade. Que nada possa perturbar a minha paz, nem fazer-me sair de Vós, ó meu Imutável, mas que cada minuto me faça penetrar mais na profundidade do Vosso Mistério.
Pacificai a minha alma, fazei dela o vosso céu, a vossa morada querida e o lugar do Vosso repouso. Que eu jamais Vos deixe só, mas que esteja aí recolhida, totalmente desperta na minha fé, toda em adoração, entregue inteiramente à vossa acção criadora.
Ó meu Cristo amado, crucificado por amor, quisera ser uma esposa para Vosso Coração, quisera cobrir-vos de glória, amar-Vos... até morrer de amor! Sinto, porém, a minha impotência e peço-vos para me revestirdes de Vós mesmo, para identificardes a minha alma com todos os movimentos da Vossa, para me submergirdes, me invadirdes, Vos substituírdes a mim, para que a minha vida seja uma verdadeira irradiação da Vossa. Vinde a mim como Adorador, como Reparador e como Salvador.
Ó Verbo eterno, Palavra de meu Deus, quero passar minha vida a escutar-Vos, quero tornar-me dócil para tudo aprender de Vós. E depois, através de todas as noites, de todos os vazios, de todas as impotências, quero fixar-Vos sempre e permanecer no resplendor da Vossa luz; ó meu Astro amado, fascinai-me a fim de que não me seja mais possível sair da vossa irradiação.
Ó Fogo devorador, Espírito de amor, "vinde a mim" para que se opere em minha alma como que uma encarnação do Verbo: que eu seja para Ele uma humanidade de acréscimo na qual Ele renove todo o seu Mistério.
E Vós, ó Pai, inclinai-vos sobre vossa pobre e pequena criatura, "cobri-a com vossa sombra", vendo nela só o Bem-Amado, no qual "pusestes todas as vossas complacências".
Ó meus Três, meu Tudo, minha Beatitude, Solidão infinita, Imensidade onde me perco, entrego-me a Vós como uma presa. Sepultai-vos em mim para que eu me sepulte em Vós, enquanto espero contemplar na Vossa luz o abismo da Vossa grandeza».
"Elevação à Santíssima Trindade"
da Carmelita: B. Isabel da Trindade

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Firmes na Fé

A Igreja e a sociedade contemporânea estão a viver um período de profundas trevas: a noite da fé... Quanto à sociedade, deixo estes problemas "sociais" para os encarregados de tal tarefa, importante também, sem dúvida, e deter-me-ei nos problemas "gerais" que afectam a Igreja Católica, motivo pelo qual existe este Blog, conduzir as pessoas ao infinito Amor de Deus, em verdade, justiça e santidade. Será que os nossos Sacerdotes - que muito estimo por serem ministros do Senhor - nas suas homilias, nos ajudam a aprofundar a fé, a crescer na prática das virtudes, a reconhecer o mal, a renunciá-lo e a optar pelo bem? Sentimos neles aquele zelo missionário que impulsionou tantos santos a dar a vida por todos, numa vida plena de oração e sacrifício?
Porque será que hoje quase não se fala na Vida Eterna, no Céu, no Inferno, na Santidade, na Pureza? Porque se coloca a Caridade num plano mais horizontal que vertical? Não será mais importante o plano vertical, a nossa relação com Deus - oração, busca de perfeição, a vivência dos conselhos evangélicos e dos Mandamentos,independentemente do estado de vida - e nesta reciprocidade de Amor (recebo o Seu Amor, acolho-O e retribuo-Lhe esse mesmo Amor, e assim sucessivamente, numa reciprocidade eterna ) se torna possível o "plano horizontal" da Caridade: o Amor aos irmãos. Mas, parece que se fala pouco de Caridade para com os irmãos e se quer fazer substituir a palavra Caridade pela palavra "fraternidade"... Enfim... Qual a razão para se falar de uma falsa Cristologia, onde a divindade de Jesus Cristo tende a desaparecer e se expande apenas a humanidade? O que pode levar uma criatura consagrada a Deus a pronunciar tamanho absurdo? Onde está a Fé? Quem é Jesus para Ele? Quem é Deus? Onde está a remissão dos pecados? Onde está o pecado original? Deturpam tudo... E pior: em muitas universidades de teologia se lê e se estuda esse autor, já notificado pela Santa Sé (e com razão).
Será - termino - que a fé está viva no coração dos fiéis, dos sacerdotes, bispos, religiosos e religiosas? Só Deus sabe, é certo, mas mediante os "frutos" se conhece a árvore... Ó Maria, Estrela da mar!
Salvé Maria! Bendita sejas!
Ilumina com Tua graça
as trevas da Santa Igreja.
Tu - Porto seguro,
Farol eterno, guia-nos
à Fonte da Vida:
Deus Pai e o Santo Espírito
e Jesus Cristo - Luz do mundo,
e minha Luz!...