Mostrar mensagens com a etiqueta Amor. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Amor. Mostrar todas as mensagens

domingo, 16 de setembro de 2012

"Procurá-lo, encontrá-lo, conhecê-lo, amá-lo"

De S. Josemaria Escrivá:

A vida interior robustece-se com a luta nas práticas diárias de piedade, que deves cumprir – mais ainda: que deves viver! – amorosamente, porque o nosso caminho de filhos de Deus é de Amor. (Forja, 83)

Neste esforço por nos identificarmos com Cristo, costumo falar de quatro degraus: procurá-lo, encontrá-lo, conhecê-lo, amá-lo. Talvez pareça que estamos na primeira etapa... Procuremo-lo com fome, procuremo-lo dentro de nós com todas as forças! Se o fizermos com este empenho, atrevo-me a garantir que já O encontrámos e que já começámos a conhecê-lo e a amá-lo e a ter a nossa conversa nos céus. 

Procura cingir-te a um plano de vida com constância: alguns minutos de oração mental; a assistência à Santa Missa, diária, se te é possível, e a Comunhão frequente; o recurso regular ao Santo Sacramento do Perdão, ainda que a tua consciência não te acuse de qualquer pecado mortal; a visita a Jesus no Sacrário; a recitação e a contemplação dos mistérios do terço e tantas outras práticas excelentes que conheces ou podes aprender. (...)

Não te esqueças também de que o que é importante não é fazer muitas coisas; limita-te com generosidade àquelas que possas cumprir no dia-a-dia, quer te apeteça quer não. Essas práticas conduzir-te-ão, quase sem reparares, à oração contemplativa. Brotarão da tua alma mais actos de amor, jaculatórias, acções de graças, actos de desagravo, comunhões espirituais. E tudo isto, enquanto te ocupas das tuas obrigações: ao pegar no telefone, ao subir para um meio de transporte, ao fechar ou abrir uma porta, ao passar diante de uma igreja, ao começar um novo trabalho, ao executá-lo e ao concluí-lo. Referirás tudo ao teu Pai Deus. (Amigos de Deus, 300 e 149)

Fonte: Opus Dei

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Programa de vida: ICor 13, 1-13

1. Ainda que eu falasse línguas,
as dos homens e dos anjos,
se não tivesse amor,
seria como sino ruidoso
ou como címbalo estridente.

2. Ainda que tivesse o dom da profecia,
o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência;
ainda que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas,
se não tivesse amor, nada seria.

3. Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos,
ainda que entregasse o meu corpo às chamas,
se não tivesse amor, nada disso me adiantaria.

4. O amor é paciente,
o amor é prestativo;
não é invejoso, não se ostenta,
não se incha de orgulho.

5. Nada faz de inconveniente,
não procura o seu próprio interesse,
não se irrita, não guarda rancor.

6. Não se alegra com a injustiça,
mas regozija-se com a verdade.

7. Tudo desculpa, tudo crê,
tudo espera, tudo suporta.

8. O amor jamais passará.
As profecias desaparecerão,
as línguas cessarão,
a ciência também desaparecerá.

9. Pois o nosso conhecimento é limitado;
limitada é também a nossa profecia.

10. Mas, quando vier a perfeição,
desaparecerá o que é limitado.

11. Quando eu era criança,
falava como criança,
pensava como criança,
raciocinava como criança.
Depois que me tornei adulto,
deixei o que era próprio de criança.

12. Agora vemos como num espelho
e de maneira confusa;
mas depois veremos face a face.
Agora o meu conhecimento é limitado,
mas depois conhecerei como sou conhecido.

13. Agora, portanto, permanecem estas três coisas:
a fé, a esperança e o amor.
A maior delas, porém, é o amor.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Cor Jesu Sacratissimum, miserere nobis!

Livro de Oseias 11,1.3-4.8c-9.

Eis o que diz o Senhor: «Quando Israel era ainda menino, Eu amei-o, e chamei do Egipto o meu filho. Entretanto, Eu ensinava Efraim a andar, trazia-o nos meus braços, mas não reconheceram que era Eu quem cuidava deles. Segurava-os com laços humanos, com laços de amor, fui para eles como os que levantam uma criancinha contra o seu rosto; inclinei-me para ele para lhe dar de comer. Como poderia abandonar-te, ó Efraim? Entregar-te, ó Israel? Como poderia Eu abandonar-te, como a Adma, ou tratar-te como Seboim? O meu coração dá voltas dentro de mim, comovem-se as minhas entranhas. Não desafogarei o furor da minha cólera, não voltarei a destruir Efraim; porque sou Deus e não um homem, sou o Santo no meio de ti, e não me deixo levar pela ira.

quinta-feira, 1 de março de 2012

A maturidade afectiva

Por Rafael Llano Cifuentes in Quadrante

No nosso mundo altamente técnico e cheio de avanços científicos, pouco se tem progredido no conhecimento das profundezas do coração. “Vivemos hoje o drama de um desnível gritante entre o fabuloso progresso técnico e científico e a imaturidade quase infantil no que diz respeito aos sentimentos humanos”

A afetividade não está por assim dizer encerrada no coração, nos sentimentos, mas permeia toda a personalidade.


Estamos continuamente sentindo aquilo que pensamos e fazemos. Por isso, qualquer distúrbio da vida afetiva acaba por impedir ou pelo menos entravar o amadurecimento da personalidade como um todo.



Observamos isto claramente no fenômeno de fixação na adolescência ou na adolescência retardada. Como já anotamos, o adolescente caracteriza-se por umaafetividade egocêntrica e instável; essa característica, quando não superada na natural evolução da personalidade, pode sofrer uma fixação, permanecendo no adulto: este é um dos sintomas da imaturidade afetiva.


É significativo verificar como essa imaturidade parece ser uma característica da atual geração. No nosso mundo altamente técnico e cheio de avanços científicos, pouco se tem progredido no conhecimento das profundezas do coração, e daí resulta aquilo que Alexis Carrel, prêmio Nobel de Medicina, apontava no seu célebre trabalho O homem, esse desconhecido: vivemos hoje o drama de um desnível gritante entre o fabuloso progresso técnico e científico e a imaturidade quase infantil no que diz respeito aos sentimentos humanos.

Mesmo em pessoas de alto nível intelectual, ocorre um autêntico analfabetismo afetivo: são indivíduos truncados, incompletos, mal-formados, imaturos; estão preparados para trabalhar de forma eficiente, mas são absolutamente incapazes de amar. Esta desproporção tem conseqüências devastadoras: basta reparar na facilidade com que as pessoas se casam e se descasam, se juntam e se separam. Dão a impressão de reparar apenas na camada epidérmica do amor e de não aprofundar nos valores do coração humano e nas leis do verdadeiro amor.

Quais são, então, os valores do verdadeiro amor? Que significado tem essa palavra?

O amor, na realidade, tem um significado polivalente, tão dificil de definir que já houve quem dissesse que o amor é aquilo que se sente quando se ama, e, se perguntássemos o que se sente quando se ama, só seria possível responder simplesmente: Amor. Este círculo vicioso deve-se ao que o insigne médico e pensador Gregório Marañon descrevia com precisão: O amor é algo muito complexo e variado; chama-se amor a muitas coisas que são muito diferentes, mesmo que a sua raiz seja a mesma.

A MATURIDADE NO AMOR

Hoje, considera-se a satisfação sexual autocentrada como a expressão mais importante do amor. Não o entendia assim o pensamento clássico, que considerava o amor da mãe pelos filhos como o paradigma de todos os tipos de amor: o amor que prefere o bem da pessoa amada ao próprio. Este conceito, perpassando os séculos, permitiu que até um pensador como Hegel, que tem pouco de cristão, afirmasse que a verdadeira essência do amor consiste em esquecer-se no outro.

Bem diferente é o conceito de amor que se cultua na nossa época. Parece que se retrocedeu a uma espécie de adolescência da humanidade, onde o que mais conta é o prazer. Este fenômeno tem inúmeras manifestações. Referir-nos-emos apenas a algumas delas:

- Edifica-se a vida sentimental sobre uma base pouco sólida: confunde-se amor com namoricos, atração sexual com enamoramento profundo. Todos conhecemos algum don Juan: um mestre na arte de conquistar e um fracassado à hora da abnegação que todo o amor exige. Incapazes de um amor maduro, essas pessoas nunca chegam a assimilar aquilo que afirmava Montesquieu: É mais fácil conquistar do que manter a conquista.

- Diviniza-se o amor: A pessoa imatura - escreve Enrique Rojas - idealiza a vida afetiva e exalta o amor conjugal como algo extraordinário e maravilhoso. Isto constitui um erro, porque não aprofunda na análise. O amor é uma tarefa esforçada de melhora pessoal durante a qual se burilam os defeitos próprios e os que afetam o outro cônjuge <...>. A pessoa imatura converte o outro num absoluto. Isto costuma pagar-se caro. É natural que ao longo do namoro exista um deslumbramento que impede de reparar na realidade, fenômeno que Ortega y Gasset designou por doença da atenção, mas também é verdade que o difícil convívio diário coloca cada qual no seu lugar; a verdade aflora sem máscaras, e, à medida que se desenvolve a vida ordinária, vai aparecendo a imagem real.(E. Rojas)

- No imaturo, o amor fica cristalizado, como diz Stendhal, nessa fase dedeslumbramento, e não aprofunda na versão real que o convívio conjugal vai desvendando. Quando o amor é profundo, as divergências que se descobrem acabam por superar-se; quando é superficial, por ser imaturo, provocam conflitos e freqüentemente rupturas.

- A pessoa afetivamente imatura desconhece que os sentimentos não são estáticos, mas dinâmicos. São suscetíveis de melhora e devem ser cultivados no viver quotidiano. São como plantas delicadas que precisam ser regadas diariamente. O amor inteligente exige o cuidado dos detalhes pequenos e uma alta porcentagem de artesanato psicológico .(E.Rojas)

A pessoa consciente, madura, sabe que o amor se constrói dia após dia, lutando por corrigir defeitos, contornar dificuldades, evitar atritos e manifestar sempre afeição e carinho.

- Os imaturos querem antes receber do que dar. Quem é imaturo quer que todos sejam como uma peça integrante da máquina da sua felicidade. Ama somente para que os outros o realizem. Amar para ele é uma forma de satisfazer uma necessidade afetiva, sexual, ou uma forma de auto-afirmação. O amor acaba por tornar-se uma espécie de grude que prende os outros ao próprio eu para completá-lo ou engrandecê-lo.

Mas esse amor, que não deixa de ser uma forma transferida de egoísmo, desemboca na frustração. Procura cada vez mais atrair os outros para si e os outros vão progressivamente afastando-se dele. Acaba abandonado por todos, porque ninguém quer submeter-se ao seu pegajoso egocentrismo; ninguém quer ser apenas um instrumento da felicidade alheia.

Os sentimentos são caminho de ida e volta; deve haver reciprocidade. A pessoa imatura acaba sempre queixando-se da solidão que ela mesma provocou por falta de espírito de renúncia. A nossa sociedade esqueceu quase tudo sobre o que é o amor. Como diz Enrique Rojas: Não há felicidade se não há amor e não há amor sem renúncia. Um segmento essencial da afetividade está tecido de sacrifício. Algo que não está na moda, que não é popular, mas que acaba por ser fundamental.

Há pouco, um amigo, professor de uma Faculdade de Jornalismo, referiu-me um episódio relacionado com um seu primo - extremamente egoísta - que se tinha casado e separado três vezes. No cartão de Natal, após desejar-lhe boas festas, esse professor perguntava-lhe em que situação afetiva se encontrava. Recebeu uma resposta chocante: Assino eu e a minha gata. Como ela não sabe assinar, o faz estampando a sua pata no cartão: são as suas marcas digitais. Este animalzinho é o único que quer permanecer ao meu lado. É o único que me ama.

O imaturo pretende introduzir o outro no seu projeto pessoal de vida, em vez de tentar contribuir com o outro num projeto construído em comum. A felicidade do cônjuge, da família e dos filhos: esse é o projeto comum do verdadeiro amor. As pessoas imaturas não compreendem que a dedicação aos filhos constitui um fator importante para a estabilidade afetiva dos pais. Também não assimilaram a idéia de que, para se realizarem a si mesmos, têm de se empenhar na realização do cônjuge. Quem não é solidário termina solitário. Ou juntando-se a uma gatinha, seja de que espécie for.

EDUCAR A AFETIVIDADE

Mais do que nunca, é preciso prestar atenção hoje à educação da afetividade dos filhos e à reeducação da afetividade dos adultos. Uma educação e uma reeducação que devem ter como base esse conceito mais nobre do amor que acabamos de formular: aquele que vai superando o estágio do amor de apetência - que apetece e dá prazer - para passar ao amor de complacência - que compraz afetivamente - e abrir-se ao amor oblativo de benevolência - que sabe renunciar e entregar-se para conseguir o bem do outro.

O amor maduro exige domínio próprio: ir ascendendo do mundo elementar - imaturo - do mero prazer, até o mundo racional e espiritual em que o homem encontra a sua plena dignidade. Reclama que se canalizem as inclinações naturais sensitivas para pô-las ao serviço da totalidade da pessoa humana, com as suas exigências racionais e espirituais. Requer que se conceda à vontade o seu papel reitor, livre e responsável. Pede que, por cima dos gostos e sentimentos pessoais, se valorizem os compromissos sérios reciprocamente assumidos... Aaron Beek, no seu livro Só o amor não basta, insiste repetidamente em que é necessária a determinação da vontade para dar consistência aos movimentos intermitentes do coração: o mero sentimento não basta.

O amor como dom de si comporta - diz o Catecismo da Igreja Católica - uma aprendizagem do domínio de si <...>. As alternativas são claras: ou o homem comanda e domina as suas paixões e obtém a paz, ou se deixa subjugar por elas e se torna infeliz. Esse domínio de si mesmo é um trabalho a longo prazo. Nunca deve ser considerado definitivamente adquirido. Supõe um esforço a ser retomado em todas as idades da vida.

Isto significa cultivar o amor. O maior de todos os amores desmoronar-se-á se não for aperfeiçoado diariamente. Empenho este que, na vida diária, se traduz no esforço por esmerar-se na realização das pequenas coisas, à semelhança do trabalho do ourives, feito com filigranas delicadamente entrelaçadas cada dia, na tarefa de aprimorar o trato mútuo, evitando os pormenores que prejudicam a convivência.

A convivência é uma arte preciosa. Exige uma série de diligências: prestar atenção habitual às necessidades do outro; corrigir os defeitos; superar os pequenos conflitos para que não gerem os grandes; aprender a escutar mais do que a falar; vencer o cansaço provocado pela rotina; retribuir com gratidão os esforços feitos pelo outro... e, especialmente, renovar, no pequeno e no grande, o compromisso de uma mútua fidelidade que exige perseverança nas menores exigências do amor..., uma perseverança que não goza dos favores de uma sociedade hedonista e permissivista, inclinada sempre ao mais gostoso e prazeroso.

O coração não foi feito para amoricos, dizíamos, mas para amores fortes. Osentimentalismo é para o amor o que a caricatura é para o rosto. Alguns parecem ter o coração de chiclete: apegam-se a tudo. Uns olhos bonitos, uma voz meiga, um caminhar charmoso, podem fazer-lhes tremer os fundamentos da fidelidade. Outros parecem inveterados novelistas: sentem sempre a necessidade de estar envolvidos em algum romance, real ou imaginário, sendo eles os eternos protagonistas: dão a impressão de que a televisão mental lhes absorve todos os pensamentos.

Precisamos educar o nosso coração para a fidelidade. Amores maduros são sempre amores fiéis. Não podemos ter um coração de bailarina. A guarda dos sentidos - especialmente da vista - e da imaginação há de proteger-nos da inconstância sentimental, do comportamento volátil de um beija-flor...

Tudo isto faz parte do que denominávamos a educação afetiva dos jovens e areeducação afetiva dos adultos. João Paulo II a chama a educação para o amor como dom de si: diante de uma cultura que «banaliza» em grande parte a sexualidade humana, porque a interpreta e vive de maneira limitada e empobrecida, ligando-a exclusivamente ao corpo e ao prazer egoístico, a tarefa educativa deve dirigir-se com firmeza para uma cultura sexual verdadeira e plenamente pessoal. A sexualidade, de fato, é uma riqueza da pessoa toda - corpo, sentimento e alma -, e manifesta o seu significado íntimo ao levar a pessoa ao dom de si no amor.





sexta-feira, 29 de julho de 2011

Sobre a fórmula do incessante acto de amor_I

11. Qual é a fórmula do incessante acto de amor?

A fórmula do incessante acto de amor ditada por Jesus à Irmã Consolata Betrone é a seguinte: Jesus, Maria, amo-Vos, salvai almas.


- Pe. Lorenzo Sales in O Coração de Jesus ao Mundo




Tratado sobre o «pequeníssimo» caminho de amor_III

8. É útil multiplicar os actos de amor perfeito?

Para a alma, é coisa santa e utilíssima, a fm de:

1. Cumprir o primeiro grande mandamento em toda a sua perfeição.

2. Exercitar, desenvolver e aperfeiçoar em nós a virtude teologal da caridade, para com ela desenvolver e aperfeiçoar todas as outras virtudes.

3. Ajudar-nos a pôr em prática a pureza de intenção em todas as nossas acções.

4. Aumentar o valor sobrenatural das nossas acções, ampliando em nós a graça santificante.

5. Aumentar o fervor dos nossos exercícios de piedade e até substituí-los quando nos são impedidos.

6. Ajudar-nos a valorizar ao máximo - para a glória de Deus, para a nossa santificação e para a salvação das almas - cada instante desta curta vida na terra.

7. Tornar mais fácil a transformação da nossa morte num holocausto de amor, depois de ter feito da nossa vida um sacrifício de amor.


9. É suficiente fazer a intenção no início do dia?

Isso apenas basta para dar valor sobrenatural às acções do dia, mas não para atingir a plenitude de vida sobrenatural ou divina que Jesus nos mereceu e quer em nós (cf. Jo 10, 10). Por outras palavras e para melhor desenvolver este conceito:

1. A intenção feita de manhã pode facilmente ser comprometida durante o dia por outras intenções menos perfeitas. A repetição frequente de actos de amor perfeito protege-nos deste perigo.

2. O amor actual é mais perfeito do que o simplesmente habitual e, portanto, valoriza mais a nossa vida espiritual.

3. Realizando frequentes actos de amor perfeito, alimentamos e aperfeiçoamos da melhor maneira a nossa vida interior - isto é, a verdadeira vida da alma -, evitando a distracção espiritual que rouba um tempo preciosíssimo para a eternidade.

4. Amar a Deus com um amor actual,  na medida em que cada um pode, faz parte - como já se disse e também veremos a seguir - da perfeição de amor com que o próprio Deus quer ser amado por nós e que está expressa no primeiro mandamento.

5. Realizar frequentes actos de amor ajuda a corresponder ao outro preceito divino que indica a «obrigação de orar sempre, sem desalecer» (1 Ts 5, 17). O acto de amor é não só a oração mais excelente, mas também - por ser breve, fácil e apenas interior - facilita admiravelmente o cumprimento deste mandamento, sem cansar excessivamente o espírito com a multiplicidade ou a complexidade das fórmulas.


10. O que se afirmou vale para todos os cristãos?

Sim, porque todos os cristãos estão obrigados a tender para a perfeição da caridade exigida pelo primeiro mandamento. Além disso, em determinados aspectos, a prática do acto de amor está mais adaptada aos leigos e às religiosas de vida activa do que às claustrais. De facto, estas são como que levadas à união incessante com Deus pelo ambiente e pela sua vida de oração; ao passo que se torna muito difícil às religiosas de vida activa e ainda mais aos leigos, em virtude da multiplicidade e da natureza das ocupações diárias e as muitas preocupações de ordem material; além disso,nem sempre lhes é possível ter muito tempo para a oração.

Um acto de amor faz-se rapidamente, não exige nenhum esforço, não interrompe a actividade externa e até vivifica e santifica para a eternidade; e a alma - ao habituar-se pouco a pouco - pode alcançar uma união com Deus cada vez mais íntima até se tornar com o tempo moralmente incessante.

Isto explica o facto de o ensino sobre o incessante acto de amor, manifestado por Jesus à Irmã Consolata Betrone e difundido através do livro O Coração de Jesus ao Mundo, ter encontrado nos fiéis uma adesão não menor do que entre as pessoas consagradas.


- Pe. Lorenzo Sales in O Coração de Jesus ao Mundo


sexta-feira, 15 de julho de 2011

Tratado sobre o «pequeníssimo» caminho de amor_II


Consolata Betrone, ora pro nobis!

3. O que é o amor perfeito?

1. O amor perfeito é aquele pelo qual se ama a Deus por Si mesmo e goza d'Ele. Este grau de perfeição no amor é precedido por outros dois que são: o amor inicial e o amor progressivo. O amor inicial, procurando sobretudo evitar o pecado e resistir às suas atracções, sente mais os motivos do santo temor de Deus; o amor progressivo exerce-se sobretudo nas virtudes e, no seu empenhamento, é apoiado pela esperança do prémio.

2. No desenvolvimento normal do amor, todos estes motivos se ligam harmoniosamente e a alma, acolhendo os benefícios divinos, abre-se finalmente ao amor perfeito com que o Doador é amado por si mesmo.

3. Este amor puro e perfeito é activo na virtude e vigilante pela glória de Deus.


4. É possível fazer actos de amor perfeito?

1. Não só é possível, porque representam o desenvolvimento normal do amor e da amizade com Deus, mas, quando a alma atingiu este grau, é-lhe fácil, sendo como que uma maior respiração do coração.

2. O acto de amor perfeito, mesmo nos graus inicial e progressivo, facilita o afastamento do pecado e o exercício das virtudes, porque evoca continuamente a causa suprema do amor que é a infinita Bondade de Deus.

3. Quando digo «Jesus, amo-Te» e nas dificuldades que encontro ou nas canseiras que experimento, entendo exprimir-Lhe a minha dedicação porque Ele é digno de ser amado, honrado e fielmente servido, realizo um acto de amor perfeito. A oração do Acto de Caridade ("Meu Deus, amo-Vos de todo o meu coração, porque sois infinitamente bom e, por amor de Vós, amo o próximo como a mim mesmo") exprime um acto de amor perfeito.


5. Podemos fazer um acto perfeito de amor, apenas com as nossas forças?

Como para todos os actos sobrenaturais, também para fazer um acto de amor perfeito é necessária a ajuda da graça, que Deus nunca recusa a quem quer amá-l'O, tendo Ele feito do amor um mandamento para todos (cf. Jo 15, 12).


6. O «sensível» entra na perfeição do acto de amor?

O «sensível» não é necessário à perfeição do amor. Posso amar a Deus com um amor perfeito e intensíssimo mesmo com a aridez no coração e, até, sentindo desgosto e repugnância. Para amar a Deus com um amor perfeito basta querer amá-l'O assim. Nestes casos, o acto de amor pode ser mais puro, mais generoso e, portanto, mais agradável a Deus e, por isso, mais meritório.


7. De quantas maneiras podemos fazer actos de amor perfeito?

1. Fazendo todas as coisas - mesmo as mais humildes e as que, em si próprias, são indiferentes como comer, beber e dormir - para mostrar a Deus o nosso amor (cf. 1Cor 10, 31).

2. Suportando por amor de Deus os pequenos ou grandes sofrimentos de cada dia e oferecendo-Lhe com amor os pequenos sacrifícios do dever quotidiano.

3. Repetindo durante o dia os actos de perfeito amor, tanto os internos como os externos (por exemplo, jaculatórias), desde que sejam sempre vivificados pelo amor interior.


- Pe. Lorenzo Sales in O Coração de Jesus ao Mundo

terça-feira, 12 de julho de 2011

Tratado sobre o «pequeníssimo» caminho de amor_I

1. Em que consiste o primado do acto de amor?

1. O acto de amor participa da proeminência soberana da virtude teologal da caridade, rainha de todas as virtudes enquanto sustenta, vivifica e aperfeiçoa todas as outras. A fé e a esperança são irmãs da caridade, mas acabam à porta da eternidade, porque a fé é substituída pela visão e a esperança pela posse; só o amor entra e alcança a plenitude no Céu (cf. 1Cor 13, 8.13).

2. O acto de amor é também o mais santificante, porque mais directamente e mais intimamente nos une a Deus, santidade infinita (cf. 1 Jo 4, 16).

3. Pelo mesmo motivo, o acto de amor é também o mais apostolicamente fecundo em ordem à salvação das almas.


2. Qual é o valor de um acto de amor perfeito?

1. Um acto de perfeito amor de Deus reconcilia imediatamente a alma com Deus, até a mais carregada de pecados graves, mesmo antes da absolvição sacramental, desde que tenha vontade de se confessar (cf. Concílio de Trento, Sessão XIV, cap. IV).

2. Por maioria de razão, o acto de amor perfeito nos purifica dos pecados leves (cf. 1Pd , 8).

3. Depois de uma culpa grave, o acto de amor perfeito (acompanhado da vontade de se confessar) pode devolver-nos imediatamente com a graça santificante, os nossos méritos que tinham sido perdidos e permite-nos adquirir novos, o que não poderíamos fazer, mesmo com as nossas obras boas, enquanto estivéssemos em estado de pecado.

4. O acto de amor perfeito, como qualquer acto sobrenatural, diminui as penas do purgatório e também pode obter a remissão completa, se for realizado com um fervor e uma perfeição, cuja medida só o Senhor pode conhecer (cf. São Tomás de Aquino, Summa Theologica, Suppl. q. 5. ar. 2, 3).

5. Cada acto de amor perfeito desenvolve cada vez mais um estado de união entre Deus e a alma e, portanto, a vida divina na alma.

6. Tanto cada acto de amor perfeito, como qualquer acção sobrenatural, provoca um aumento de graça santificante. Por outro lado, isto valoriza cada vez mais todas as nossas acções e, além disso, alcança-nos um aumento de glória eterna no Céu.


- Pe. Lorenzo Sales in O Coração de Jesus ao Mundo


Consolata Betrone, ora pro nobis!



quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Tú me mueves, Señor...


(Para escutar: pôr em pausa, em
baixo, a música de fundo do blog)


No me mueve, mi Dios, para quererte
el cielo que me tienes prometido,
ni me mueve el infierno tan temido
para dejar por eso de ofenderte.

Tú me mueves, Señor, muéveme el verte
clavado en una cruz y escarnecido,
muéveme ver tu cuerpo tan herido,
muévenme tus afrentas y tu muerte.

Muéveme, en fin, tu amor, y en tal manera,
que aunque no hubiera cielo, yo te amara,
y aunque no hubiera infierno, te temiera.

No me tienes que dar porque te quiera,
pues aunque lo que espero no esperara,
lo mismo que te quiero te quisiera.


- Autor desconhecido. Julga-se que poderá ser atribuído a várias personalidades, tais como: S. João da Cruz; S. Teresa; Padre Torres, capuchinho; Padre Antonio Panes, franciscano.


quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Relinqueri amare a Domino

Dos escritos da B. Isabel da Trindade


«Vós sois excepcionalmente amada, amada com aquele amor de preferência que o Mestre na terra teve por alguns e que os levou tão longe. Não vos diz Ele, como a Pedro: "Amas-Me mais que estes?" (...) Deixai-vos amar "mais que estes": é assim que o Mestre quer que sejais louvor da Sua glória! Ele alegra-se de edificar em vós pelo seu amor e para sua glória, e é Ele sózinho quem quer operar, ainda que não tenhais feito nada para atrair esta graça senão o que a criatura faz: obras de pecado e de misérias... Ele ama-vos mesmo assim, Ele ama-vos "mais que estes", Ele tudo fará em vós, e irá até ao fim: porque, quando uma alma é por Ele a tal ponto amada, desta forma amada com um amor imutável e criador, com um amor livre que transforma como lhe apraz, oh! quanto vai longe esta alma!

A fidelidade que o Mestre vos pede consiste em vos manterdes em comunhão de Amor, em vos haver de derramar e enraízar neste Amor que vos quer marcar a alma com o selo de seu poder e grandeza. Nunca mais voltareis a ser banal se estiverdes desperta no amor! Mesmo nas horas em que não sentirdes senão abatimento, cansaço, agradar-Lhe-eis ainda se fordes fiel em crer que é ainda Ele quem opera, que mesmo assim vos ama, e até mais: porque o seu amor é livre e é assim que Ele se quer engrandecer em vós; e deixar-vos-eis amar "mais que estes".

Creio que é o que isto quer dizer... Vivei no fundo da vossa alma! É o meu Mestre quem me faz lucidamente compreender que aí quer criar coisas adoráveis: sois chamada a prestar homenagem à Simplicidade do Ser divino e a engrandecer o poder do Seu Amor» («Deixa-te amar», B. Isabel da Trindade à Madre Germana).


domingo, 19 de dezembro de 2010

Deus Caritas est!


A homilía escutada ontem, na Missa vespertina do IV Domingo do Advento (bem como as de hoje), levou-me a reflectir sobre a Vontade de Deus e os Seus pensamentos, os Seus desígnios, porventura tantas vezes diferentes dos nossos... Projectamos tanta coisa... Também Maria Santíssima foi uma jovem com os seus sonhos; também S. José foi um homem justo que pensou no seu futuro, que projectou... No entanto, quando Deus fala, desinstala... Desinstalou Maria... e desinstalou José...

E, dizia o sacerdote, acharemos nós que foi fácil a vida de ambos? Não. Não foi nada fácil. E podemos reflectir um pouco sobre cada uma destas santíssimas personagens para concluirmos que, de facto, as suas vidas foram bem difíceis, superadas apenas pelo Puro Amor que ali habitava, neles e entre eles: o próprio Deus.

Isto leva-me a pensar o seguinte: só uma pessoa que deseja, verdadeiramente, ser santa, ser pura e purificada (juntando a isto tudo, ou não, um carácter simpático, comunicativo, humilde e simples) é que consegue, ou melhor, é que permite que Deus vença nela todos os obstáculos que se opõe à vivência da Caridade estabelecendo com outra, também assim, um círculo de Amor Único e Trinitário (não exclusivo, consoante o estado de vida...).

Sim, o eros quer-nos elevar « em êxtase » para o Divino, conduzir-nos para além de nós próprios, mas por isso mesmo requer um caminho de ascese, renúncias, purificações e saneamentos (Deus Caritas est, 5).

Na realidade, eros e agape — amor ascendente e amor descendente — nunca se deixam separar completamente um do outro. Quanto mais os dois encontrarem a justa unidade, embora em distintas dimensões, na única realidade do amor, tanto mais se realiza a verdadeira natureza do amor em geral (Deus Caritas est, 7).
 
É superiormente bela a experiência do encontro entre duas pessoas que, na simplicidade dos gestos e das palavras e num espírito filial / irmanal e de mútuo respeito (nomeadamente entre um homem e uma mulher - a complementaridade), conseguem expressar a beleza do Amor de Deus, amor divino que passa pelo humano, pois amamos no corpo, num corpo reconciliado. Refiro-me de modo particular ao dia de hoje... Um grande convívio, muitas pessoas, entre as quais muitas conhecidas. Primeiramente, surgem os temores de ter de enfrentar tanta gente e o achar que vai ser uma "perda de tempo", algo muito "banal". Mas, depois, quando começamos a redescobrir as amizades que temos, a rever pessoas que não víamos havia tempos! Oh! Renasce a alegria destes momentos de "convívio" amistoso e pleno da Caridade de Cristo. Mas, as mais significativas são aquelas pessoas que amam e se amam virginalmente. Parece algo utópico e não devemos, de facto, cair numa espiritualidade despida da humanidade. Porém, quando tal acontece, é motivo de dar graças e louvores a Deus.
 
S. José viu os seus projectos transformados, sublimados... Casar-se com uma mulher com quem deveria viver em perfeita castidade? Parece algo absurdo (e é para os casais, ao quais Deus deu a ordem da procriação; a Sagrada Família é um caso à parte). É com ele que todos os sacerdotes devem aprender a amar cada pessoa como "outro Cristo", como irmão, como irmã, como filho, como filha.
 
Amor a Deus e amor ao próximo são inseparáveis, constituem um único mandamento. Mas, ambos vivem do amor preveniente com que Deus nos amou primeiro. Deste modo, já não se trata de um « mandamento » que do exterior nos impõe o impossível, mas de uma experiência do amor proporcionada do interior, um amor que, por sua natureza, deve ser ulteriormente comunicado aos outros. O amor cresce através do amor. O amor é « divino », porque vem de Deus e nos une a Deus, e, através deste processo unificador, transforma-nos em um Nós, que supera as nossas divisões e nos faz ser um só, até que, no fim, Deus seja « tudo em todos » (Deus Caritas est, 18).
 
Que a Santíssima Virgem Maria eduque o nosso coração... Nos faça ver a beleza que há no coração dos outros, no olhar, no sorriso; em amor ágape, kenótico, oblativo; em gestos simples e breves de quem chega mas que sabe que terá logo de partir, de quem tudo tem mas sem nada possuir... Isto sim é AMIZADE vivida na CARIDADE.

Continuação de um santo Advento! Preparemo-nos para acolher devidamente o nosso Deus! A Sua graça não faltará! «Omnia possum in eo qui me confortat» (tudo posso n'Aquele que me conforta) - Fil 4, 13.


segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Omnes Sancti et Sanctae Dei, intercedite pro nobis!

Ser santo é amar... é amar como Deus, é amar com o nosso coração unido ao de Jesus Cristo, ou melhor ainda, com o Seu!, o Seu em nós! Este amor, para chegar a ser verdadeiro, autêntico, tem de passar por várias provas, a uns de uma maneira a outros de outra... Porque «O Senhor flagela os que d' Ele se aproximam», purifica, santifica aquele que reconhece como filho, não para seu mal, é claro, mas para que este se desenvolva e cresça em maturidade, em santidade, para que atinja a gloriosa liberdade dos filhos de Deus e seja perfeito na Caridade. Só o Amor Misericordioso de Deus pode operar na alma, só o Seu Espírito pode acender na alma a chama do puro Amor e transformar os corações... Só Ele pode infundir Fortaleza para perseverar na fidelidade à Sua eterna aliança nos momentos de "noite" - de dúvidas, de temor, de apatia, de tribulação e tentação. Pode-se tropeçar..., cair..., mas o Amor misericordioso de Deus levanta-nos das regiões da morte, pega em nós ao colo, faz-nos repousar no Seu Coração e gozar da suavidade da Sua Paz... E, como dizem os místicos, fere... fere de amor e logo..., logo se esconde... E para quê? Para que o desejo aumente com a espera, se fortaleça e se torne autêntico... É o sofrimento de quem julga amar pouco, quando já tanto ama; é o saber-se tão miserável e indigno de tantos dons e graças; são ânsias infinitas de amar Jesus, de Lhe dar almas, de desejar a própria morte para estar com o seu Senhor, onde finalmente o poderá amar plenamente e O verá tal como Ele é. Talvez seja assim o martírio de Amor... Não importa saber... O que importa é amar... «No Coração da minha Mãe a Igreja eu serei o Amor» (S. Teresinha).

sábado, 16 de outubro de 2010

S. Margarida Maria e o Sagrado Coração de Jesus

Dos escritos autobiográficos de S. Margarida Maria Alacoque:

Estava uma vez diante do Santíssimo, achando-me com um pouco mais de vagar (que não me davam muito as ocupações de que me encarregavam), e encontrava-me toda possuída daquela divina presença, e tão fortemente, que me esqueci de mim mesma e do lugar em que estava: entreguei-me então àquele divino Espírito, pondo meu coração à mercê da força do Seu amor. Fez-me repousar por largo tempo em Seu divino peito; e ali me descobriu as maravilhas do Seu amor e os segredos insondáveis do Seu Sagrado Coração, que sempre me tinha conservado escondidos até àquele momento em que mos abriu pela primeira vez, mas de modo tão real e sensível que me não deixou lugar a nenhuma dúvida, pelos efeitos que esta graça produziu em mim. E foi do seguinte modo, segundo o meu parecer.

Disse-me Ele: «O Meu divino Coração está tão abrasado de amor para com os homens, e em particular para contigo, que, não podendo já conter em si as chamas de sua ardente caridade, precisa derramá-las por teu meio, e manifestar-se-lhes para os enriquecer de seus preciosos tesouros, que Eu te mostro a ti, os quais contêm a graça santificante, as graças salutares indispensáveis para os apartar do abismo da perdição; e escolhi-te a ti, como abismo de indignidade e ignorância, para a realização deste grande desígnio, para que tudo seja feito por Mim».

Depois pediu-me o meu coração; eu roguei-Lhe que o tomasse, o que Ele fez, e meteu-o no Seu adorável Coração, no qual mo mostrou como um atomozinho que se consumia naquela fornalha ardente. Depois, tirou-o de lá como chama viva em forma de coração, e tornou-o ao lugar donde o tinha tomado, dizendo-me: «Eis aqui, minha dilecta esposa, um precioso penhor do Meu amor, que no teu peito encerra uma pequenina centelha das mais vivas chamas dele, para te servir de coração e te consumir até ao último momento; o ardor dele não se extinguirá, nem poderá encontrar senão um pequeno refrigério numa sangria, cujo sangue eu marcarei de tal modo com minha Cruz, que essa operação te há-de trazer mais humilhação e sofrimento do que alívio».

terça-feira, 6 de abril de 2010

Mulher, porque choras? A quem procuras?


«Mulher, porque choras?»
Perguntam os anjos a Maria de Magdala.
«Porque levaram o meu Senhor e não sei onde o puseram.»
Levam-te, julgas tu, o teu Divino Mestre,
o amado da tua alma, o teu Único Tudo...
Qual amargura, qual fel ruidoso e opressor
incapaz de transpor as barreiras do visível,
para além do humano, para além da dor...
«Maria!» - assim te chamou o Senhor!
E logo o teu coração ferido
sarado ficou ante a presença divina;
essa profunda chaga é incurável,
é incurável a ferida d' Amor.
Maria!, Maria!...
...«Não me detenhas»...
Não queiras procurar o eterno no efémero...
Maria!... Sou Eu quem procuras,
Eu, o teu doce Jesus, Vivo e Ressuscitado!
Eis-me aqui, contigo e em ti: para sempre!...
Agora vai... faz-te ao largo dos caminhos da vida:
é hora de Anunciar a vitória do Crucificado,
é hora de derrubar as fronteiras da morte,
é hora de espalhar a Boa-Nova,
é hora de proclamar que DEUS é PAI
e vós - em Mim - irmãos,
é hora de cantar que DEUS é AMOR,
Amor infinito, Amor misericordioso,
Amor (e)terno...

... És Tu, meu Jesus!



quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Deus, Caritas est!






Para os que deturpam a imagem de Deus ou, para os que se sentem confusos, eu, como cristã, católica, apostólica e romana, afirmo e reafirmo: DEUS CARITAS EST! Deus sempre foi, é e será Amor e só Amor Misericordioso!

Deus é relação! Relação de Três Pessoas Divinas que formam uma indissolúvel unidade de Amor! Nós, quando nascemos, nascemos para ser em relação, relação com Deus e com os irmãos! Deus é Pai em relação ao Filho, o Filho só é filho em relação ao Pai, o Espírito Santo é o Amor que os une, entra na relação. Deus é Pai em relação a nós, no sentido de que nós somos filhos no Filho. Não somos escravos, mas filhos e co-herdeiros com Cristo! N'Ele recebemos a redenção dos pecados, ou seja, a libertação de tudo o que aliena e escraviza o ser-humano para gozarmos da suave e gozosa liberdade de filhos de Deus!

Deus criou-nos para a FELICIDADE! O homem, na sua desobediência é que rejeita a Deus; no seu orgulho, se deixa cegar; na sua auto-suficiência, traça caminhos de ruína e de perdição. Uma vez mais afirmo: Não é Deus que rejeita o homem! Deus é um Ser Perfeito, por isso é DEUS! Não venham mentes deturpadas e doentes, como a de José Saramago, tentar confundir as mentes dos menos esclarecidos. "De Deus não se zomba"! Ele está a brincar com coisas muito sérias! Penso que se deve sentir muito afectado por Deus, muito incomodado... Está a querer inventar um Deus com os defeitos dele, com aquilo que ele se qualifica, ou melhor desqualifica... Pretende derrubar Deus da Sua altura, desfigurar o mais belo dos Filhos dos Homens, Jesus Cristo nosso Senhor, espelho imaculado de Deus Pai.

Senhor, Misericórdia!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Adoro-Te... Trindade Santa...

Dos escritos da B. Isabel da Trindade :

«A adoração, ah!, como é uma palavra do Céu! Parece-me que é possível defini-la - êxtase do Amor. É o Amor esmagado pela beleza, força, ou grandeza imensa do Objecto amado, e cai numa espécie de desfalecimento [Ruysbroec], num silêncio pleno, profundo, esse silêncio de que falava David quando exclamava: "O silêncio é o Teu louvor!..." Sim, é o mais belo louvor, pois é o que eternamente se canta no seio completamente tranquilo da Trindade, e é também o "último esforço da alma que transborda e já não consegue dizer mais nada..." (Lacordaire).»