sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Pecados contra a Fé: heresia, dúvida...

«Os Actos dos Apóstolos (8, 9-24) falam de um certo Simão, impostor e mago de profissão, o qual, depois de ter recebido o Baptismo administrado pelo Diácono Filipe, se dirige a São Pedro e lhe oferece uma soma de dinheiro para comprar o poder de fazer milagres e assim atrair a si um maior número de pessoas.

A história da Igreja Primitiva mostra-nos que Simão Mago continuou a difundir o erro, dizendo que é o poder de Deus que liberta o mundo dos iões (seres imaginários que governam o mundo, ao contrário de Deus), dos quais havia resgatado Enóia (personificada na cortesã Helena de Tiro, que Simão trazia sempre consigo), a qual tinha emanado de Deus e estava aprisionada numa mulher.

Uma outra heresia terrível chama-se Protestantismo. Começou com a revolta de Martim Lutero contra a Igreja de Roma e ganhou força dos países nórdicos, da Escandinávia à Inglaterra, donde se propagou até à América do Norte. Os Protestantes não aceitam o Magistério da Igreja no que respeita às verdades reveladas e dizem que basta a Sagrada Escritura (Sola Scriptura), que qualquer pessoa pode examinar e interpretar livremente (livre exame ou livre pensamento), segundo a inspiração do Espírito Santo.

Todo aquele que obstinadamente recusa submeter-se ao ensinamento e juízo da Igreja peca gravemente, é excluído da comunhão eclesial e não pode salvar-se, a não ser que se converta.

A heresia também comporta consequências no plano jurídico:

- Constitui uma irregularidade para receber as Ordens Sacras;
- Para os hereges está prevista a excomunhão não reservada à Santa Sé, pois pode ser levantada pelo Ordinário (Bispo) local (Can. 1364 do Direito Canónico).

2) A dúvida voluntária
Significa negligenciar ou recusar aceitar por verdadeiro aquilo que Deus revelou e a Igreja nos propõe como digno de fé (C.I.C., n. 2088).

Enquanto que o herege nega uma verdade de fé revelada, aquele que duvida considera-a não certa e, por isso, suspende o assentimento a ela.

Por exemplo. Uma pessoa, ao pensar na Confissão, diz para consigo: "Alguns dizem que foi instituída por Jesus Cristo, outros que foi inventada pelos padres. Quem terá razão?" Pensa por um instante, depois conclui: "Nenhuma das duas afirmações é verdade... eu creio que esta questão é duvidosa e, por conseguinte, tenho como duvidosa!". Ou então conclui: "Poderá ser verdade que Jesus a institui, mas suspendo o meu juízo".

Este, em ambos os casos, peca contra a fé e o seu pecado é interno se não o comunicou a mais ninguém ou externo se o comunicou a alguém.

"A dúvida involuntária indica que existe uma hesitação em crer, uma dificuldade em superar as objecções relacionadas com a fé, ou então a ânsia causada pela sua obscuridade. Se se cultiva deliberadamente, a dúvida pode conduzir à cegueira do espírito (C.I.C., n. 2088).

As dificuldades no campo da fé não constituem pecado. Até a um certo ponto, elas fazem parte da vida do Cristão. Podem até ser sinal de uma vida intensa de fé, pois quem cuida pouco da sua fé dificilmente encontra aí dificuldades. Deus permite-as para provar e purificar a fé. Mas poderá ser pecaminoso descuidar-se delas e não fazer o possível por as resolver e reencontrar a alegria da fé. Para este fim os meios adequados são: formação contínua na fé por meio de leituras adequadas, ouvir pregações e conferências úteis, entreter discussões religiosas com pessoas competentes e, sobretudo, oração para obter a a perseverança e o aumento da fé.

3) Indiferentismo religioso
É o pecado mais fácil e mais comum contra a fé. Consiste em desinteressar-se de todas as religiões (indiferentismo prático) ou então em tê-las todas como verdadeiras e boas para alcançar a salvação (indiferentismo teórico).

Esta atitude é irracional,  porque reconhecer a verdade da religião e depois não cuidar dela é uma contradição; assim também crer que todas as religiões são iguais e boas (é irracional), pois seria como afirmar que o verdadeiro e o falso, o preto e o branco são a mesma coisa.

Esta atitude é também ímpia, porque equivale a admitir que Deus seja indiferente à prática da religião e ao culto que o homem Lhe presta, isto é que para Ele tanto faz que seja religioso ou não, que professe a verdade ou erro, que pratique o bem ou o mal» (Pe. Francesco Pio M. Pompa, FI in A Cidade, Mensageiro de Fátima - Agosto/Setembro de 2011).