sábado, 23 de abril de 2011

"No silêncio da cruz, no silêncio da morte"


Palavras do Papa no final da Via Sacra, no Coliseu
(22 de Abril de 2011):

Amados irmãos e irmãs,

Esta noite, na fé, acompanhámos Jesus, que percorre o último trecho do seu caminho terreno, o trecho mais doloroso: o do Calvário. Ouvimos o alarido da multidão, as palavras da condenação, o ludíbrio dos soldados, o pranto da Virgem Maria e das outras mulheres. Agora mergulhámos no silêncio desta noite, no silêncio da cruz, no silêncio da morte. É um silêncio que guarda em si o peso do sofrimento do homem rejeitado, oprimido, esmagado, o peso do pecado que desfigura o seu rosto, o peso do mal. Esta noite, no íntimo do nosso coração, revivemos o drama de Jesus, carregado com o sofrimento, o mal, o pecado do homem.

E agora, que resta diante dos nossos olhos? Resta um Crucificado; uma Cruz levantada no Gólgota, uma Cruz que parece determinar a derrota definitiva d’Aquele que trouxera a luz a quem estava mergulhado na escuridão, d’Aquele que falara da força do perdão e da misericórdia, que convidara a acreditar no amor infinito de Deus por cada pessoa humana. Desprezado e repelido pelos homens, está diante de nós o «homem de dores, afeito ao sofrimento, como aquele a quem se volta a cara» (Is 53, 3).

Mas fixemos bem aquele homem crucificado entre a terra e o céu, contemplemo-lo com um olhar mais profundo, e descobriremos que a Cruz não é o sinal da vitória da morte, do pecado, do mal, mas o sinal luminoso do amor, mais ainda, da imensidão do amor de Deus, daquilo que não teríamos jamais podido pedir, imaginar ou esperar: Deus debruçou-Se sobre nós, abaixou-Se até chegar ao ângulo mais escuro da nossa vida, para nos estender a mão e atrair-nos a Si, levar-nos até Ele. A Cruz fala-nos do amor supremo de Deus e convida-nos a renovar, hoje, a nossa fé na força deste amor, a crer que em cada situação da nossa vida, da história, do mundo, Deus é capaz de vencer a morte, o pecado, o mal, e dar-nos uma vida nova, ressuscitada. Na morte do Filho de Deus na cruz, há o gérmen de uma nova esperança de vida, como o grão de trigo que morre no seio da terra.

Nesta noite carregada de silêncio, carregada de esperança, ressoa o convite que Deus nos dirige através das palavras de Santo Agostinho: «Tende fé! Vireis a Mim e haveis de saborear os bens da minha mesa, como é verdade que Eu não recusei saborear os males da vossa mesa... Prometi-vos a minha vida... Como antecipação, franqueei-vos a minha morte, como que para vos dizer: Convido-vos a participar na minha vida... É uma vida onde ninguém morre, uma vida verdadeiramente feliz, que oferece um alimento incorruptível, um alimento que restabelece e nunca acaba. A meta a que vos convido... é a amizade como o Pai e o Espírito Santo, é a ceia eterna, é a comunhão comigo ... é participar na minha vida» (cf. Discurso 231, 5).

Fixemos o nosso olhar em Jesus Crucificado e peçamos, rezando: Iluminai, Senhor, o nosso coração, para Vos podermos seguir pelo caminho da Cruz; fazei morrer em nós o «homem velho», ligado ao egoísmo, ao mal, ao pecado, e tornai-nos «homens novos», mulheres e homens santos, transformados e animados pelo vosso amor.

[© Libreria Editrice Vaticana]
 
 
Fonte: Zenit

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Relógio da Paixão


O relógio da Paixão tem a finalidade de nos fazer lembrar, ao longo das 24 horas do dia, os sentimentos que Nosso Senhor Jesus Cristo suportou na Sua Paixão.
É o relógio que sempre marca a hora do amor, seja qual for o acontecimento que esteja a decorrer. É um relógio que nos pode ajudar a passar, por exemplo, um dia de retiro centrado na Paixão de Jesus.
Poderia ter sido este o relógio dos acontecimentos da Paixão de Jesus, conforme nos são apresentados pelos relatos evangélicos.


Oferecimento

Eterno Pai, eu Vos ofereço todas as reparações que Jesus mereceu com tantos sofrimentos durante esta hora..., na qual... (citar o tema da hora escolhida), unindo-me espiritualmente, tanto quanto me é possível, às santas intenções que então animavam a Sua Alma adorável, desejando que tudo em mim, por Ele e com Ele, sirva para Vossa maior glória, para a minha salvação e para a salvação do mundo inteiro.

Horas da noite
 
19:00 - Jesus lava os pés aos Seus discípulos.
20:00 - Jesus institui a Eucaristia e o Sacerdócio. Despede-se dos Seus discípulos e dá-lhes o Mandamento Novo.  
21:00 - Jesus ora ao Pai no Horto das Oliveiras.
22:00 - Jesus entra em agonia e sua sangue.
23:00 - Jesus recebe o beijo do traidor Judas e é preso como se fosse um malfeitor.
24:00 - Jesus é levado ao sumo sacerdote Anás e esbofeteado por um dos seus servos.
01:00 - Jesus é acusado por falsas testemunhas e condenado à morte no tribunal de Caifás.
02:00 - Jesus é negado por Pedro.
03:00 - Jesus é objecto de toda a classe de injúrias e de desprezos.
04:00 - Jesus é metido na prisão.
05:00 - Na prisão, os soldados vendam os olhos de Jesus, e zombam d'Ele.
06:00 - Jesus é levado ao tribunal de Pilatos, sendo acusado de criminoso e blasfemo.
 
Horas do dia
 
07:00 - Jesus é levado a Herodes e por este desprezado e tratado como louco.
08:00 - Jesus é devolvido a Pilatos e flagelado.
09:00 - Jesus é coroado de espinhos e apresentado ao povo por Pilatos com as palavras: Eis o Homem.
10:00 - A multidão pede a morte e Jesus e a libertação de Barrabás.
11:00 - Pilatos lava as mãos em sinal de inocência e entrega Jesus para ser crucificado.
12:00 - Jesus é despojado das Suas vestes e crucificado.
13:00 - Jesus perdoa aos Seus inimigos, o Paraíso ao bom ladrão e dá-nos por mãe a Sua própria Mãe.
14:00 - Jesus, desde o alto da cruz, diz: Tenho sede; e: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?.
15:00 - Jesus, com voz forte, pronuncia as Suas últimas palavras: Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito. E morre.
16:00 - O coração de Jesus é atravessado por uma lança.
17:00 - Jesus é descido da cruz e colocado nos braços de Sua Mãe.
18:00 - Jesus é sepultado.
 

Fonte: Sá, P. (2005). Aos Pés do Crucificado. 1ª Edição. Santa Maria da Feira: Edições Passionistas.

Oração à Sagrada Paixão

Senhor Jesus Cristo, fazei que a Vossa Paixão seja para mim virtude que me fortifique, proteja e defenda. Que as Vossas Chagas sejam para mim a fonte de onde me vem o perdão dos pecados; o Vosso Sangue, a bebida que alimenta; a Vossa Morte, a certeza da vida e a glória sem fim.

Que em todos estes tesouros eu encontre a paz, a alegria e a perseverança em Vos servir. Amen.


Fonte: Sá, P. (2005). Aos Pés do Crucificado. 1ª Edição. Santa Maria da Feira: Edições Passionistas.